Pequeno histórico da imigração japonesa no Brasil | O Japão da época
Do outro lado do mundo, extintos pela Reforma Meiji de 1868, os samurais se viram desempregados e se avolumavam nas grandes cidades ao lado de outros desocupados, desempregados como conseqüência das reformas impostas pelo novo regime (TAJIRI, YAMASHIRO in SBCJ, p. 28). O Japão estava superpovoado e mesmo com a reforma agrária promovida pelo novo regime, sua produção agrícola, rudimentar e primitiva − conseqüência do longo isolamento promovido pelo xogunato Tokugawa − insuficiente para alimentar toda a população.
O novo regime tinha pressa na modernização e tornou obrigatórias a educação formal e o serviço militar, cobrando 50 sens (meio yen) de mensalidade escolar (30% da renda familiar para cada criança), e obrigando municípios, vilas e aldeias a construir escolas e contratar professores. O agricultor de renda média de 21 yens ao ano, se viu com menos braços no trabalho e sua renda diminuir drasticamente, causando manifestações contrárias e até revoltas (idem). O esgarçamento do tecido social era visível: crianças morriam de fome ou eram vendidas e a miséria do campo criou desocupados, prostitutas e violência nas cidades. Samurais insatisfeitos se revoltaram contra o novo regime, deflagrando a rebelião de Seinan, obrigando o governo a gastos excessivos, com conseqüente inflação, medidas deflacionárias e queda nos preços dos produtos agrícolas, exacerbando a insatisfação reinante.
Foi uma época de miséria, mas que enriqueceu com seus fatos as artes japonesas. O cinema clássico japonês pelas lentes de Kaneto Shindo (A Ilha nua) e Shohei Imamura (A Balada de Narayama) retrata com fidedignidade essa época. É também de autoria de Imamura o original da peça teatral “Ee Janaika” – Deixa pra lá – que esteve recentemente em tourné pelo Brasil, tendo se apresentado no Teatro Ademir Rosa, em Florianópolis, no dia 05 de março de 2008. O cineasta norte-americano Edward Zwick em “O último samurai”, reconstituiu a batalha de Seinan e os últimos momentos do samurai, líder da rebelião, Saigo Takamori, daimyô do feudo de Satsuma, atual Kagoshima, deixando entrever episódios marcantes do Bushidô – o código de ética do samurai – e da cultura japonesa.
A situação foi agravada pelos altos gastos nas guerras com a China (1895) e com a Rússia (1905). Com as vitórias se apossou dos territórios de Taiwan e da Coreia. Agora precisava de recursos para ocupar definitivamente os países conquistados. Com o término da guerra, levas de soldados repatriados passaram a engrossar ainda mais o contingente populacional. O Japão tornou-se um país depauperado, superpopuloso, insatisfeito e sem comida. Era preciso promover a emigração.
texto integral: pequeno histórico da imigração
Bibliografia
AZEVEDO, Aluisio. O Japão. Roswitha Kempf: São Paulo, 1984.
BUENO, Eduardo. História do Brasil. Empresa Folha da Manhã S. A: São Paulo, 1997
HARO, Martim Afonso P. de (org). Ilha de Santa Catarina – Relato de viajantes estrangeiros nos séculos XVIII e XIX. UFSC: Florianópolis, 1996.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CULTURA JAPONESA. Uma Epopeia Moderna. Hucitec: São Paulo, 1992.
VICENTINO, Cláudio e DORIGO Gianpaolo. História para o ensino médio. Scipione: São Paulo, 2002.
One thought on “Pequeno histórico da imigração japonesa no Brasil | O Japão da época”
Gostaria de parabenizar o autor do artigo, eu como apreciador da cultura japonesa sepre procuro conhecer cada dia um pouco mais sobre o que acontesceu no passado histórico. De forma breve estes artigos da NIPOCULTURA me ajudar a ampliar os meu conhecimentossobre esta cultura.
Parabéns continuem escrevendo.