A poética japonesa na canção brasileira
O cantor deve conhecer em profundidade a obra a ser executada, além de dominar o seu instrumento – a voz. Assim, este estudo foi baseado na análise de obras de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Gilberto Mendes (1922), Luiz Carlos Lessa Vinholes (1933), José Antonio de Almeida Prado (1943) e Rodolfo Coelho de Souza (1952), sob a ótica do intérprete artista, ou seja, do autor. As obras refletem o amálgama da miscigenação de várias culturas que compõem a nação brasileira. Através deste repertório, questionou-se por que compositores brasileiros compuseram canções com a temática japonesa e como ocorre o encontro da poética japonesa com a canção brasileira. A análise musical foi, em sua maioria, baseada no livro Poetry into song: performance and analysis of Lieder de Deborah Stein & Robert Spillman. Constatou-se a presença de uma esfera meditativa pelo uso de estruturas minimalistas e pentatonismos. De acordo com o autor, isto se deve pela busca do vazio e do silêncio enquanto criação musical. São, portanto, frutos da necessidade intrínseca de uma época – o Zeitgeist – ou seja, experimentações em busca de novas linguagens como tendências da música do século XX. Considerando a peculiaridade do cantor como músico, apresentamos com o título de “Transcendência” nossa visão do papel do intérprete do canto. É preciso transcender todo o conhecimento analítico para a execução musical a fim de sentir a canção. Pois é justamente com o sentir e as vivências entre o compositor, poeta e intérprete; Brasil e Japão; racional e afetivo; mundo interno e externo; análise e performance que as bordas fictícias ou imaginadas são atenuadas.
Palavras-chave: canção. análise musical. Japonisme. Villa-Lobos. Gilberto Mendes. Luiz Carlos Lessa Vinholes. José Antônio de Almeida Prado. Rodolfo Coelho de Souza.