Nipocultura: a cultura japonesa ao seu alcance

A alma do povo japonês | Conseqüência na literatura

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A literatura japonesa adquiriu expressão com Murasaki Shikibu e Sei Shonagon por volta do ano 1000. Curiosamente duas mulheres. Shikibu escreveu Genji Monogatari (contos de Genji) e Shonagon, Makura no Sôshi (histórias de travesseiro).

Mas para o mundo ocidental, a face mais visível da literatura japonesa talvez seja o haikai. Nascida da parte superior do tanka (poesia de 31 sílabas), cuja estrutura é composta por 17 sílabas, chamada hokku, seguida da inferior, de 14, chamada wakiku (poesia lateral), com o tempo adquiriu vida própria popularizando-se rapidamente. O nome haikai vem da forma de composição renga-haikai, que significa poemas encadeados. Em fins do século XIX Masaoka Shiki criou o neologismo haiku, uma junção de haikai e hokku, mas a forma haikai já havia se espalhado pelo ocidente, e assim chegou até nós. O haikai consiste numa forma de poesia de 17 sílabas distribuídas em dois encadeamentos de 5-7-5 sílabas e terminando por uma dupla de 7 sílabas.

Conceito de haikai: mínimo de palavras, máximo de significado. O tema é a natureza que aparece sob o kigô (quatro estações do ano) ou a descrição de algum fato natural. O haikai é perene no sentido de que a ação se passa no presente, ou seja, os fatos estão acontecendo e sob esse aspecto diz-se que o haikai é infindável. O gosto minimalista zenbudista pelas palavras não significam pouco significado. Pelo contrário, o haikai possibilita ampla interpretação, a juízo individual. As palavras são apenas veículo para mostrar um instante, uma porta entreaberta. É mais uma sugestão do que mensagem, um relance do que uma foto.

Fonte: Haikai – Paulo Franchetti e outros 2ª ed 1991 ed Unicamp

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